sexta-feira, 18 de junho de 2010

A CEGUEIRA QUE NINGUÉM VÊ

Hoje morreu José Saramago, o autor mais completo, polêmico e crítico dessa geração. Morreu também minha ansiedade por novas obras do português que sempre discutiu a religião de maneira a tirar de mim as palavras.
A primeira coisa que me veio a mente quando soube da morte do líder das minha prateleiras, foi: meus filhos nunca poderão esperar por um lançamento dele, como tantas vezes eu esperei.
O que me consola é que como diz a canção Cadência do Samba: MORRE O HOMEM, FICA A FAMA, e no caso do lusitano, o que ficou foi um acervo dos melhores livros que alguém pode ler.


Grande contribuição ao mundo...grande contribuição aos CEGOS

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Festival da Boa Nostalgia


Nesse último sábado foi realizado em São Paulo um evento que apesar da desordem de principiante deixou um saldo muito positivo para os que tiveram talvez a última oportunidade de ver de perto um ídolo.

O II Festival da Boa Vizinhança foi uma reunião entre os fãs do seriado Chaves e contou com a participação emocionante dos atores Edgar Vivar e Carlos Villagrán.

Como fã incondicional do programa, participei do evento e por muitas vezes fiquei com os olhos marejados ao ver o Sr. Barriga, hoje não mais tão robusto e jovem, cantar músicas que fizeram parte de minha infância.

Um dos momentos mais emocionantes foi quando Edgar Vivar intérprete do gorducho dono da vila chorou ao receber do programa Pânico na TV um cheque com o pagamento dos quatorze meses de aluguel devidos por Seu Madruga, interpretado pelo já falecido Ramón Valdés.

Carlos Villagrán, que deu vida ao Quico, fez com que a atração mantivesse o bom humor que o programa sempre levou ao público. Um show à parte e não menos emocionante.

Pessoas vestidas com roupas dos personagens, barracas de churros, uma réplica da vila, músicas e episódio no telão e a quantidade de gente me fez ter ainda mais certeza de que Chaves e Chapolin são programas sem idade e que fará sucesso enquanto estiver na TV, talvez não com novos públicos, mas com adultos que cresceram com eles.


É evidente que a nostalgia que atinge os fãs também afeta os atores de um grupo que foi dissolvido pelo ego do criador Roberto Bolaños.

Com certeza essa foi uma oportunidade única de ver de perto dois ídolos da minha infância e sem exageros, ídolos da minha vida.

Pena não ter tido a oportunidade de estar frente a frente com Dom Ramón Valdés, que não foi só o melhor ator ou persnagem do seriado, mas uma das figuras mais marcantes da televisão, um ídolo eterno de uma geração que ainda curtia o humor inocente.

quarta-feira, 31 de março de 2010

O primeiro gole a caminho do vício

Lembro-me perfeitamente de uma cena em especial: eu deitada na cama chorando com a triste história de um menino que teve de deixar amigos e a primeira namorada para trás por conta da vida de exilado do pai.
Nessa idade eu nada entendia sobre ditadura e censura aos meios de comunicação, afinal era uma criança recém alfabetizada, mas me recordo de todo o drama sofrido pela família de Marcão, filho de um jornalista que foi obrigado a sair do Brasil, pois era caçado pelos policiais malvados. Foi esse o primeiro e mais significante livro que lí.

Meninos sem pátria, fazia parte de uma coleção infantojuvenil e foi ele o responsável por uma paixão, talvez uma patologia que me segue até hoje, a literatura.

Lembrei-me de escrever sobre essa doce passagem de minha infância, porque depois de todos os anos e das centenas ou milhares de livros que já estiveram em minhas mãos, esse não foi de menor importância.

Hoje, depois de muitas tentativas, consegui recuperar esse tesouro que havia deixado lá na memória.

Algumas pessoas dizem que sou doente e que essa minha relação de amor com os livros não é normal, talvez se tivéssemos uma cultura um pouco mais literária eu seria mais compreendida, de qualquer forma eu não abro mão de ir atrás, de me perder em livrarias e sebos, o que não faz de mim uma intelectual radical, ou uma nerd sem amigos.

Voltando ao precursor desse facínio pelos livros, ele jamais saiu de minha cabeça e de meu desejo de consumo nostálgico. Claro, afinal é muito melhor amar o que nos pertence, e para mim não basta lê-los, é preciso tê-los. Sendo assim, hoje sozinha e adiantada pra um encontro, resolvi para não me irritar em ficar esperando, fazer um dos meus programas favoritos e entrei em um sebo.

Depois de correr os olhos por mais de quarenta minutos em todo o acervo de literatura estrangeira, nacional, teatro e história, alguma coisa me fez lembrar dele e não resisti.

Uma sequência de fatos ganharam vida vindos da minha infância ao olhar para a capa do livrinho de poucas páginas.

Comprei o livro, sai da loja lendo-o e me mantive assim até que a pessoa a quem eu estava esperando e de quem por alguns minutos esqueci, chegasse.

Obviamente que hoje, depois de mais de quinze anos, o livro me pareceu mais um conto do que uma grande obra, mas a sensação de reencontrar aquelas personagens com as quais criei vínculos tão fortes na infância, foi indiscritível.

Para muitos ou quase todos isso pode parecer uma bobagem sem fim. Para mim essa foi uma das coisas que mais me manteve ligada à época em que eu aproveitava uma oportunidade de ir com minha mãe ao centro comercial de minha cidade para poder devorar os livros da biblioteca pública.

Poucos adoradores de livros vão se lembrar de qual foi o primeiro de sua vida, eu tenho esse privilégio e com ele eu resgato memórias de uma fase boa, talvez a melhor para qualquer pessoa.

Agora eu tenho mais um em minha prateleira e embora seja um dos mais modestos vai ser sempre ELE.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"Moro num país tropical"

Todos os dias nos jornais ouvimos e lemos sobre a temperatura quase desumana que assola nosso país. Não seria necessário acompanharmos o noticiário para percebermos que estamos enfrentando um dos verões mais quentes da história e a tendência é só piorar.
Então reflito ainda mais nessa época do ano algo que martela em minha cabeça desde sempre: brasileiro adora imitar.
Brasileiro adora imitar planos políticos, adora imitar tendências gastronômicas, imita a utilização de línguas estrangeiras, estilos e vestimentas.
Devemos concordar que por questão de sorte geográfica vivemos em um país tropical graças a Deus e que portanto devemos nos comportar e nos vestirmos como manda o clima local.
Caminhando pelas ruas do Itaim Bibi em São Paulo no horário do almoço, horário também em que o sol está em seu ápice de exibicionismo brilhante, o que mais vemos são homens de palitós e gravatas que por pouco não se confundem com forcas estilizadas.
Pois bem, devemos entender que o traje pode parecer elegante e dar um ar austero aos pobres engomadinhos, porém, esse tipo de roupa inventado na Europa cai bem para o clima da Europa.
Não vemos pessoas de sunga na neve, nem bundas gigantes balançando em carros alegóricos no carnaval da Alemanha. Cada um com suas necessidades e sua cultura.
Mas não, se o Brasil desde a descoberta até a independência serviu de escravo para os europeus, porque haveria de mudar agora né? Continuemos usando palavras como delete, feeling e good em nosso vocabulário. Vamos preferir comer no Outback e colocar os nomes dos estabelecimentos todos em inglês porque isso é glamuroso.
Até depois de mortos temos de ser enterrados bonitinhos no estilo Black Tie.
Enquanto os trabalhadores se adptaram a pingar dentro de roupas criadas para um padrão que não é nosso só para chegar cada vez mais perto de uma cultura que não é a nossa, os latinos continuam sendo hostilizados em países europeus que são nossos sonhos de consumo.
No Hawai as pessoas trabalham de bermuda e camiseta, algo que condiz muito mais com a realidade.
Talvez um dia mude...quem sabe....
É CARNAVAL

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Duas pessoas morreram em protesto contra decisão de
fechar seis emissoras de televisão que foram contra o governo da
Venezuela.

Hugo Chavez é um dos piores exemplos de política
mundial. Tenho vergonha de ler sobre o assunto.

A festa do fim do mundo

Aniversário de São Paulo, feriado prolongado e um tédio acumulado por um final de semana inteiro com chuvas ininterruptas, foram ingredintes suficiente para que eu resolvesse fazer um programa, de índio.
Coloquei meu par de patins na mochila e fui ao parque do Ibirapuera tentar passar algum tempo do dia longe da televisão. Se a idéia não foi boa por conta da tempestade que durou todo o tempo, pelo menos serviu para que eu voltasse com a cabeça fervilhando de coisas no mínimo intrigantes, e louca para escrever.
Com o excesso de água, a marquise ficou abarrotada de pessoas dos mais variados tipos. Famílias fazendo aquela "farofada" com salgadinho fofura e dolly, grupos de ciclistas exibicionistas, crianças que passavam com as rodinhas das bicicletas encima dos nossos pés e um evento oportuno sobre sustentabilidade, fizeram minha idéia de patinar ir por água abaixo.
Entre a cachorrada correndo de um lado para o outro e o lamaçal causado pela chuva, uma cena me chamou a atenção: um grupo grande de jovens e adolescentes bem estranhos.
Eram meninos e meninas com os cabelos pretos e engomados, franjas coladas na testa e piercings que se espalhavam por todo o rosto. Esses estranhos seres popularmente conhecidos como EMOS estavam em quantidade assustadora, sentados em roda cantando músicas que nenhuma pessoa normal conhece. Não preciso nem dizer que nenhuma das quatro canções que minha paciência permitiu vê-los cantar era nacional.
Esses bizarros jovens que mais parecem zumbís cantavam juntos aos berros em perfeita sincronia, enquanto tocavam violão e batucavam em um instrumento não identificável. Bebidas e mais bebidas rolavam entre abraços efusivos que um dava no outro o tempo todo.
Tenho amigos de todas as tribos, muitas pessoas já me disseram que tenho um estilo diferente e acho que ser diferente é legal demais. Respeito todos os grupos e opções de vida, mas não consigo entender a teoria dessa galera que ouve música ruim, não abre mão do modelito preto e não se relacionam com ninguém que não tenha o cabelo ensebado. Eles não convivem com outras pessoas.
Ouvi uma colocação muito pertinente de que aquilo parecia festa de fim de mundo.
Ao invés dos patins, deveria ter levado minha máquina fotográfica.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Apelaaaaaaaa GLOBO!!!!

Tenho jogado algum tempo fora ultimamente assistindo com tristeza a briga entre dois dos programas mais medíocres da televisão. Tudo em nome da crítica.
A Fazenda que já começou quase fracassada na primeira edição, não teria sido nada se não fosse as piadas do humorista Carlinhos e as bundas de Mirella e Samambaia. A segunda edição é tão horrível quanto perder uma noite de sábado vendo Zorra Total, impossível assistir sem ficar deprimido.
Agora a não mais toda poderosa rede Globo está apelando para tentar enfiar goela abaixo o BBB, programa que já está na décima edição e que a cada ano que passa perde mais audiência. As brigas que a produção tenta causar, separando os participantes em grupos rivais e promovendo provas em que um tem que alfinetar o outro já deixaram de atrair o público faz tempo, mas a cada nova edição a palhaçada aumenta.
Quem já teve o prazer de ver Brito Júnior apresentando a versão rural do reality na Record, percebeu a insistente tentativa do apresentador em imitar Pedro Bial com suas filosofias extraídas de livros.
Na edição atual do programa global, tem até carro sendo sorteado para os gatos pingados que perdem tempo vendo o besteirol, tudo cada vez mais recheado de baixaria e piadinhas de efeito sexual feitas pelo apresentador.
Esses dois programas, assim como o já citado Zorra Total ainda não perderam para Malhação no quesito porcaria televisionada, mas são programas que já deveriam ter saído do ar faz tempo.
Por isso que depois de 5 minutos jogados fora por semana em frente à TV eu preciso abrir um novo livro.