domingo, 27 de dezembro de 2009

Presente de Natal

Mais um natal em família, tudo igual a todos os outros anos. Centenas de cervejas geladas e gelando, um exagero de comida, um fazendo piada às custas dos outros, risadas e pilhas de latas que aumentam sem parar.
Um pequeno e lindo detalhe mudou a cena previsível de todas as nossas festas de fim de ano. O nome desse detalhe será Manuela.
Com seis meses de vida, o bebê chegou para fazer a alegria de uma das minhas tias que aguardava na fila à cinco anos para adotar uma menininha.
Depois de visitar vários abrigos e passar por um sofrido processo de adoção, minha tia estava esperando em nono lugar para conseguir a guarda de uma garotinha de um ano e meio.
Pai e mãe de dois adolescentes do sexo masculino, receberam a notícia por telefone de que depois de tanta espera, havia um bebê disponível para ganhar uma nova família.
Jéssica, como foi batizada a menina no hospital assim que foi abandonada pela mãe, viveu em abrigo desde que nasceu e foi no abrigo que seu nome mudou para Gabriela.
O bebê que completará sete meses em breve, só toma leite e suco de laranja lima e tem a firmeza de um recém-nascido.
Manuela como será oficialmente batizada pelos pais adotivos é o bebê mais adorável que já vi. Durante as várias horas em que estivemos juntas, a menininha não chorou em nenhum momento e era só gargalhada para todos que brigavam para pegá-la no colo.
Fico pensando na quantidade de "Manuelas" e "Jéssicas" e "Gabrielas" que estão deitadas em berços de abrigos, sem a possibilidade de serem disputadas por colinhos acolhedores, enquanto tantas famílias cheias de amor para dar esperam por um bebê que retribua com sorrisos banguelos ao amor dado a ele.
Adotar não é uma ato solidário, é uma troca em que os pais ganham muito mais que a criança. Nesse momento, idade, sexo ou cor não têm a mínima importância.
Manuela teve muita sorte, percebemos isso ao ver a cara de seu papai babão olhando para ela. O maior presente de natal para a nossa família.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O fim da inocência infantil

Tenho uma sobrinha de sete anos que calcula o valor do dinheiro pela quantidade de pulseirinhas de silicone que ela pode comprar. Esse adorno virou uma febre entre crianças e adolescentes.




Na escola em que minha sobrinha estuda, todas as meninas de sua faixa etária usam quantidade suficiente para esconder o antebraço.




Essa semana tomei ciência de informações veiculadas na mídia sobre o significado das graciosas pulseirinhas. O jogo Snap, criado na Inglaterra, determina significados eróticos para os assessórios, de acordo com a cor.




Não consigo e não quero acreditar que em um grupo de crianças que mal apredenderam a falar, haja consciência desse tipo de bestialidade.




Pesquisando mais sobre o assunto, fiquei sabendo que caso algum menino arrebente a pulseirinha, a menina é obrigada a fazer o que a cor determina, como por exemplo mostrar os peitos.




Se por um lado é importante que essa informação chegue aos pais como forma de previnir problemas maiores, por outro, muitas crianças que não tinham ciência da brincadeira pornográfica, passaram a ter.




Tiramos de minha sobrinha a diversão de colecionar suas pulseirinhas, para protegê-la. Agora me pergunto qual será a próxima influência negativa que vai chegar até as crianças para acabar com a pouca inocência que elas ainda conseguem ter?




Afinal, pêra, uva, maçã e salada mista está ultrapassado.




domingo, 29 de novembro de 2009

Pobre presidente

folhaonline

Desde a primeira vez em que ví Barack Obama na televisão, ainda em sua disputa pela presidência, notei em seu rosto uma bondade excessiva para o mundo político. Coisa que não seria difícil de notar em qualquer um que ocupasse o cargo depois do crápula Bush.



A inocência e o espírito pacífico de Obama o faz entrar em muitos ninhos de cobra e receber críticas de todos os lado. Eu gosto dele.



A última saia justa do governo Obama foi a entrada de dois penetras em um jantar em honra à Índia promovido na Casa Branca.



O casal de oportunistas, quer fazer parte de um reality show e começaram a se aparecer em grande estilo. Pobre Obama, ainda foi fotografado apertando a mão da mulher.



Essa falha no esquema de sergurança é reflexo da ingenuidade do presidente. Se fosse no Brasil, ingenuidade seria facilmente chamada de burrisse. É, eles também falham.



Barack que tem uma historia bonita dentro da política, pode não estar sendo um grande modelo de como fazer a linha dura sempre adotada pelos "estadosunidenses" funcionar, mas com certeza está tirando da gente aquela sensação de ódio pelo povo norte americano.



Agora, depois de publicar vídeos e fotos do evento no facebook, o casal está cobrando para dar entrevista no Estados Unidos. Talvez se fosse na era Bush, eles já estariam presos em Guantánamo.
Imagem: folhaonline

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Muito menos. Quase nada




Elas tiram foto com cara de sensual olhando o horizonte, fazem as unhas e fotografam, beijam o namorado e registram, vão para a Praia Grande e fazem um flash do biquini novo e tudo vai para a grande lixeira chamada orkut.








Porque? Porque somos obrigados a nos depararmos com essas imagens terríveis de exposição pessoal excessiva?





Já ví de tudo em espaços de relacionamento virtual. Peitos caídos dentro de corpetes insinuantes e legendas super atrativas, natais depressivos e solitários com textos que contam a vida, zoom de olhos azulados pela lente de contato que só o dono acredita ser verdadeiro e outras coisas que me renderam boas risadas em mesa de bar. Afinal nada passa impune pela minha vista.





O pior é que esse pulente visual que ronda a web é proposital. Já ouvi várias vezes pessoas dizendo: Ai tira uma foto minha para eu colocar no orkut? E quando eu olho para o lado vejo uma cena sofrível de alguém sentado num tronco de árvore com shortinho de loira do Tchan.





Esse narcizismo assustador deve ser na verdade muito diferente da história de Narcizo. Essas pessoas só podem ter a auto-estima muito abalada para buscarem incessantemente essa auto-promoção do avesso.





Devo dizer que não é sexy fazer biquinho nas fotos para publicá-las e que ninguém ganha amigo por usar como nick frases do tipo: "Se você não gosta mais de mim, pare de me procurar" ou "Agora é tarde, já tenho outra pessoa", mas se um dia precisar de elenco para um filme de terror trash, a internet será um catálogo de novos talentos.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O astro Lula

Nenhum intelectual ou artista no Brasil ganhou tanto destaque quanto o nosso humilde presidente. Depois de já ter sua vida e seu governo retratados em vários livros, ganhar um filme com a atmosfera de Dois filhos de Francisco e até um estudo de seu discurso que também virou obra literária, chega às livrarias em breve mais uma biografia do sofrido Luiz Inácio.
A história do presidente não difere em nada da história da grande maioria dos brasileiros e talvez não há nada que ele não tenha dito em seus exaltados discursos banhados de suor.
Os menos empenhados podem comprar os livros em busca da receita de como virar presidente após o término do segundo grau, para o restante das pessoas até Paulo Coelho pode ser mais útil.

Menos empenhados: A nova biografia Lula do Brasil: A História Completa escrita pelo professor inglês Richard Bourne será lançada até o final do ano.

Restante das pessoas: Paulo Coelho foi só uma ironia, não levem a sério.

domingo, 22 de novembro de 2009

Que ela venha, mas sem avisar

Ontem a noite fiquei lendo no site da Folha de São Paulo os comentários de leitores sobre a morte de Celso Pitta e pela primeira vez me surpreendi com a grande maioria que manteve duras críticas contra o ex prefeito de São Paulo. A surpresa se deve ao fato de que pessoas que são massacradas em vida, muitas vezes se tornam "santos" para a opinião pública depois de mortas. Dessa vez não baixaram a guarda.
Não é sobre a morte do político que quero falar, afinal não seria nenhum pouco original. O que me veio a cabeça quando pensei no assunto de hoje foi algo que de alguma forma não se distancia disso, mas tem, ou pelo menos deveria ter muito mais importância. Se trata de um livro.
As intermitências da morte do autor português José Saramago, narra a história calamitosa dos habitantes de uma cidade que de uma hora para a outra deixaram de morrer. Não por acaso podemos traçar um paralelo com Ensaio sobre a cegueira do mesmo autor, em que a perda de visão é o mau subto que assola toda uma população.
Poderia descrever aqui cenas do livro, mas tiraria de vocês o prazer da leitura. O que posso dizer é que a morte, que na obra é uma personagem quase humana, depois de dar uma demonstração de como seria viver para sempre, começa a enviar cartas avisando sete dias antes a todos os que chegaram em seu momento de partir, para que eles tivessem tempo de por em dia o que lhes restava de vida.
O medo de morrer nos faz desejar vida eterna. Saramago mostra que não morrer ou morrer com hora marcada não seria solução, nos fazendo agradecer quando fechamos o livro, pelo curso da vida ser da meneira que é.
Não precisaria comentar a pitada de romance dada a obra na relação da morte com um violoncelista, mas vale a pena destacar a humanização da personagem tão temida durante todo o livro. Saramago defende a morte como se fosse apenas um trabalhador cumprindo sua função.
Depois disso, qualquer elogio ao autor seria mera tietagem.

sábado, 21 de novembro de 2009

Usar os dons é bom

O discurso do papa Bento 16 no Vaticano, pedindo para que os artistas fujam da beleza hipócrita e usem seus dons para conquistar o mundo me lembrou daquele ditado em que o macaco senta no rabo e olha o rabo do outro.
Esse velhinho com rosto angelical já pertenceu à juventude nazista e isso não é segredo para ninguém, não sendo um pecado imperdoável se analisarmos o contexto histórico do holocausto. Afinal todo mundo tem o direito de mudar.
A conduta "linha-dura" do todo poderoso do cristianismo também já foi questiona inúmeras vezes após seus discursos monótonos pregando a proibição do uso de preservativos por exemplo. Além das gafes proferidas a milhões de pessoas em todos os países que ele visita.
Os casos de pedofilia mereceriam um texto à parte já que o pregador do amor e da paz defende os pedófilos do Vaticano com a tese de que casos como esse não podem sair de dentro da igreja, ou seja, abusem das crianças mas não deixem vazar. Será que foi isso que o papa quis dizer em seu discurso com usar os dons para conquistar o mundo?
Talvez Bento 16 apenas tenha sido escolhido em um momento ruim, depois de João Paulo II que era realmente um representante de Deus e não somente possuia boa retórica. Boa retórica Hitler também teve.
Fica a sensação de que falta alguma coisa. Talvez seja trabalho humanitário.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Rio que não sai de cena

A cidade que será sede das olimpiadas ainda não aprendeu a se comportar para receber os ansiosos gringos.
Hoje cinco motocicletas foram incineradas próximo à comunidade da Mangueirinha no município de Duque de Caxias e a suspeita é que tenha sido por um grupo de milicianos. Como nada fica sem troco, os traficantes vitimados pela atitude do grupo rival colocaram fogo em mais um ônibus.
Essa disputa de poder já chegou ao ponto de não horrorizar mais a população que assistiu ao espetáculo com curiosidade minutos depois do grande tiroteio. Talvez pipoca e guaraná fosse uma boa pedida para a ocasião.
O Rio de Janeiro que inspirou Tom e Vinícius talvez fosse boa escolha para sediar os jogos olímpicos.

O dia da igualdade HUMANA

Hoje é o dia da Consciência Negra, mas tento entender que tipo de consciência um feriado desse tipo quer promover. Em um país como o Brasil, em que sua maioria é de negros e mestiços, o próprio dia-a-dia deveria mostrar a realidade: somos todos iguais.
Saiu hoje no jornal O Dia do Rio de Janeiro que um grupo de mulheres do movimento negro vai protestar contra a cena da novela Viver a Vida em que a atriz Thais Araújo leva um tapa de Lilia Cabral enquanto se ajoelha para pedir perdão.
Chega a ser patético ler esse tipo de notícia, assim como ser conivente com essa sensação de inferioridade que alguns negros têm. Cotas em universidades e feriados nacionais por si só já geram essa separação entre pessoas que fazem parte da mesma raça, a raça humana.
O preconceito existe sim, não só em relação à cor da pele, mas contra homossexuais, deficientes e todo tipo de pessoa que tenha uma característica diferente do que seres mesquinhos consideram "normal". Porém essa guerra aberta por parte desses grupos anti-racismo não vai diminuir o problema e sim gerar uma distância cada vez maior entre seres humanos.
Com certeza a atriz que levou um tapa em cena não se sentiu discriminada, dias antes a personagem de Helena vivida por Thais Araújo deu um tapa em Aline Moraes e a imagem foi repetida várias vezes em outros capítulos sem que gerassse nenhum tipo de polêmica.
Se essas mulheres estivessem preocupadas em diminuir o preconceito, lutariam a favor de todos os grupos discriminados e não contra os brancos, pois isso nada mais é do que um terrível PRECONCEITO.
Mudaria o nome desse feriado para: O dia da igualdade humana.


 Imagem de arquivo pessoal




Como diz o samba Nosso Grito:
"É hora de darmos as mãos do negro ao branco se unir
gritando numa só razão!"










Imagem de arquivo pessoal

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A inacabável briga por Battisti

revistaepoca.globo.comAs vezes parece que vivemos em um país modelo, onde impera a igualdade social, a educação é referência no mundo e o índice de violência é o mais insignificante, pois é incrível o tempo perdido com questões diplomáticas entre o Brasil e outros países.
O caso Zelaya ilustrou bem essa postura do governo Lula de dar apoio aos perseguidos políticos, enquanto isso no Rio de Janeiro dezenas de pessoas morrem com a guerra do tráfico todos os dias.
Acredito que muitos de nós nos surpreendemos positivamente com a gestão de Lula, ele mostrou o país para o mundo como poucos governantes fizeram, conseguiu ganhar espaço que até então nós não tinhamos na política internacional e deixou a economia teoricamente estável, porém ainda há muito o que fazer além disso.
O italiano Battisti que está preso no Brasil desde 2007 e é caçado pelo governo da Itália, é um dos assuntos que já deveriam ter sido resolvidos. Alguns alegam que ele é um criminoso comum, outros dizem quem ele é perseguido político. A questão é que o italiano não está representando nenhum perigo para a sociedade e sua segurança é mais certa estando no Brasil.
Nosso presidente já se mostrou várias vezes favorável à permanência de Battisti em terras brasileiras gerando grandes conflitos com os sedentos justiceiros da Itália.
Se Lula é a favor de manter o prisioneiro sob suas asas, então que diga logo em alto e bom som para acabar de vez com essa discussão e poder focar em assuntos de maior urgência para o nosso povo.


Imagem: revistaepoca.globo.com

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Longe dos dois lados

Não quero ser chata de ficar massacrando um assunto que até mesmo eu não aguento mais ouvir, mas algumas coisas passam do limite e chegam ao ponto de se tornarem ridículas. Falo do caso Uniban, mas especificamente de Geyse Arruda.
Isso não é uma defesa aos primatas que atacaram a garota na faculdade e deram para os mais baixos programas de televisão um repertório vasto de críticas e sensacionalismo, mas um apelo para que enterrem esse assunto e essa menina de dezenove anos que viu em um "drama" pessoal uma ótima forma de virar celebridade.
Jornal o GloboÉ compreensível que apresentadores como Luciana Gimenez, Geraldo Luiz ou Sônia Abrão dêem excessiva atenção para esse assunto que deixou de ter interesse público faz tempo, mas o que me fez tocar nesse assunto foi a deprimente aparição da nova musa no programa Casseta & Planeta da rede Globo nessa última terça-feira.
Primeiro ponto a ser esclarecido, Geyse Arruda não é artista e não tem, apesar das inúmeras tentativas da mídia, nenhum perfil de beleza exigido pela sociedade para ser apresentada como símbolo sexual e musa.
O que entristece é que muitos jovens sonham com o sucesso na televisão, estudam moda e teatro, leem livros, fazem testes que levam sua auto estima aos níveis mais baixos e não conseguem seu espaço, enquanto essa garota por mostrar a bunda na faculdade já querendo sucesso entre os colegas universitários vira uma atração para o Brasil. O que ela teve foi esperteza para se promover desde o ínicio.
Enquanto emissoras como a Globo continuarem deixando de informar para deformar seus telespectadores, o que não vai faltar são convites para pessoas como Geyse posar nua e participar de programas humorísticos que já foram ícone nacional e hoje não passam de bestialidade depois da novela das oito.


Imagem: Jornal o Globo