domingo, 22 de novembro de 2009

Que ela venha, mas sem avisar

Ontem a noite fiquei lendo no site da Folha de São Paulo os comentários de leitores sobre a morte de Celso Pitta e pela primeira vez me surpreendi com a grande maioria que manteve duras críticas contra o ex prefeito de São Paulo. A surpresa se deve ao fato de que pessoas que são massacradas em vida, muitas vezes se tornam "santos" para a opinião pública depois de mortas. Dessa vez não baixaram a guarda.
Não é sobre a morte do político que quero falar, afinal não seria nenhum pouco original. O que me veio a cabeça quando pensei no assunto de hoje foi algo que de alguma forma não se distancia disso, mas tem, ou pelo menos deveria ter muito mais importância. Se trata de um livro.
As intermitências da morte do autor português José Saramago, narra a história calamitosa dos habitantes de uma cidade que de uma hora para a outra deixaram de morrer. Não por acaso podemos traçar um paralelo com Ensaio sobre a cegueira do mesmo autor, em que a perda de visão é o mau subto que assola toda uma população.
Poderia descrever aqui cenas do livro, mas tiraria de vocês o prazer da leitura. O que posso dizer é que a morte, que na obra é uma personagem quase humana, depois de dar uma demonstração de como seria viver para sempre, começa a enviar cartas avisando sete dias antes a todos os que chegaram em seu momento de partir, para que eles tivessem tempo de por em dia o que lhes restava de vida.
O medo de morrer nos faz desejar vida eterna. Saramago mostra que não morrer ou morrer com hora marcada não seria solução, nos fazendo agradecer quando fechamos o livro, pelo curso da vida ser da meneira que é.
Não precisaria comentar a pitada de romance dada a obra na relação da morte com um violoncelista, mas vale a pena destacar a humanização da personagem tão temida durante todo o livro. Saramago defende a morte como se fosse apenas um trabalhador cumprindo sua função.
Depois disso, qualquer elogio ao autor seria mera tietagem.

Um comentário:

  1. Beeeeeeeeeeeeela postagem! Parabéns pelo Blog!
    Intermintências da morte, sem dúvida é um dos melhores livros que já li.

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